"...
havia uma necessidade enorme de estar lá... não era somente desejo,
era mesmo imperativo, quase mais que obrigatório... mas sentia que
as pernas não se moviam e os braços estavam caídos numa postura de
desalento... deixei-me ficar assim ainda mais um momento... tentei,
então, mais uma vez, caminhar naquela direcção e fiz um esforço
enorme para conseguir mover um pé... sabia que nem era necessário
ter fé, bastava mover o pé... senti que uma fina dor me percorria a
coluna mas nem por isso deixei de tentar... era preciso ir, era
preciso caminhar... no fim do caminho estava apenas a meta a atingir
mesmo sem saber qual ela era; no entanto, era certo saber que estava
no fim da estrada, no meio do arvoredo... olhei em frente, sem frio,
sem aquele frio do medo... havia apenas uns braços abertos e um
sorriso na face; e uns olhos brilhando... ouvia um som repetido, uma
batida ritmada... esse som chamava-me, clamava por algo que eu não
sabia ser o que era... num tremendo e último esforço a minha perna
avançou e senti que a coluna se fixou... houve uma espécie de
tontura mas o esforço valeu a força precisa para fazer avançar o
outro pé... nesse momento senti-me cair mas não cheguei a tocar o
chão... uns braços fortes enlaçaram-me e elevaram-me no ar... só
muitos anos mais tarde vim a saber que aquele tinha sido o meu
primeiro passo..."
Há sempre uma primeira vez, um primeiro passo para a eternidade e doçura de um abraço.
ResponderEliminarAmo ler o que escreve.
Abraço.