"...peguei
em mim mesmo e sacudi-me… esperei que saísse algo que tivesse a
mais… mas não caiu nada de mim… continuei a sacudir e ouvi algo
indefinido… era como que uma recordação dentro da minha alma ou
do meu coração… como saber?... peguei então em ti e despi-me de
ti… tirei-te de dentro de mim… coloquei-te ali ao meu lado e
olhei para ti… foi nessa altura que me senti nu... mas não
consegui vestir-te de novo… já não cabias dentro de mim… que
fazer então?... sonhos destruídos, caminhos não percorridos ou
teriam sido mesmo percorridos?... como é que não reconheço se os
percorri ou não?... confusão dentro de mim... sacudo as memórias
mas a força centrífuga da saudade as mantêm aqui dentro... fico
atento... espero olhar em frente, não me sentir demente, talvez
solidão somente… eternamente aqui ao meu lado presente... arrumo
os fatos que me vestem a alma e com calma procuro novas roupas que me
tapem a nudez que me enregela o corpo, como nado morto, triste e
absorto...
...quero ressuscitar, quero simplesmente me transformar, vestir-me de novo, olhar para o espelho e sorrir, cantar, bailar… pegar em mim e voltar a caminhar qualquer que seja o caminho que tenha ainda de palmilhar...
...é que os pés, mesmo de barro, ainda são os mesmos; cansados de andar, é certo, mas os que sempre me sustentaram de pé nesta tremenda e actual falta de fé..."
...quero ressuscitar, quero simplesmente me transformar, vestir-me de novo, olhar para o espelho e sorrir, cantar, bailar… pegar em mim e voltar a caminhar qualquer que seja o caminho que tenha ainda de palmilhar...
...é que os pés, mesmo de barro, ainda são os mesmos; cansados de andar, é certo, mas os que sempre me sustentaram de pé nesta tremenda e actual falta de fé..."
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