"...
na verdade, esta moldura é a minha prisão... de tão perfeitos
traços me retrataste que me sinto afogada neles como se eles fossem
a minha própria alma, o cerne do amor que nos inundava enquanto a
vida me era dada para viver... lembras-te, meu amor, de todas aquelas
cartas que te escrevi enquanto presa dentro de outras grades, linhas
estreitas que me afastavam de ti ou que te afastaram de mim... nunca
soube o porquê e essa dúvida, que ainda hoje, aqui de cima
mantenho, será a minha companhia na eternidade... é ela também que
me concede a possibilidade de te ver aí olhando-me aqui nesta parede
nua, dentro de mim mesma vazia e tão prenhe de linhas com que me
vestiste naquela manhã na cozinha no banco sentada, rindo-me da tua
certeza... meu amor, a paz que me preenche não retira a dor que
mantive e que comigo trouxe... a paz que me preenche é uma paz por
amor a ti mas a dor essa jamais sairá de mim... é um pouco como eu
nestes riscos presente na tua mente quando daí em baixo me olhas...
resta-me a doçura da lágrima que vejo cair da tua face nesse chão
carcomido pelo tempo que não nos foi concedido... dor de mim em teu
peito também ele dorido..."
Olá, Joaquim!
ResponderEliminarLi, alguns dos seus magníficos textos, e nos sentidos ficou-me o gosto e o odor das lembranças, que nos dão vida e nos matam por dentro, também.
Escreve muito bem, como sabe, e o amor, tema principal da sua escrita, é aquela "coisa", sem a qual, dificilmente conseguiremos sobreviver.
Não encontrei, aqui, comentários, mas há quem escreva para si próprio, e com as mais diversas finalidades.
Bom fim de semana!
Boas férias, se for o caso.
ResponderEliminarAbraço-o!