“… há
dias escrevi-te dizendo as razões pelas quais te amo… escrevi
dizendo, afinal, que te amo porque te amo… mais tarde comecei a
pensar se existe um momento a partir do qual se começa a amar e se
esse momento existe, como sabemos então que se ama?... disse-te
também há tempos que o amor não tem tempo nem espaço pela simples
razão de que o Amor apenas, é… vive, subsiste, existe, está… é
algo definido, concreto mesmo não sendo físico nem metafísico, o
Amor é algo que é… sendo assim, não tendo o Amor tempo nem
espaço e sabendo nós que amamos, como se sabe que se ama?...
dediquei todo o tempo da minha vida à procura do Amor, na busca
constante do meu “Graal”, na demanda do porquê do se ser e do se
estar e das razões pelas quais aqui estamos… durante todos esses
anos procurei e um dia (não interessa quando porque o Amor não tem
tempo nem espaço) descobri que o Amor está (é) em cada um de nós…
não é nada que se descubra ou possua ou se encontre… ele, o Amor,
está em nós mesmos… se ele está em nós então ele é nosso, de
nossa pertença e faremos dele o que bem se quiser… daí que,
quando afirmo as razões pelas quais eu te amo, estou ao mesmo tempo
a dizer que te amo apenas porque sei que o Amor que está dentro de
mim, passa para ti… deixa de ser “meu” e começa a “existir”
em ti porque apenas e só, te doo esse Amor, numa entrega sem pedir
troca… dando-o, sei que o dou e nesse momento passo a saber que te
amo… assim, só existe uma única forma de sabermos se amamos (ou
quando é que sabemos que estamos a amar), é sabendo que o Amor que
estava em nós foi dado a outrem, entregue simplesmente, como dádiva…
e esse Amor pode estar num simples gesto, num olhar, num acenar, num
toque, num sentir, não se ser o que éramos e passarmos a ser de
outrem… nesse momento, quando nos sentirmos parte do outro,
saberemos que estamos a amar… em contrapartida, quando soubermos
que fazemos parte de outrem também saberemos que estamos a ser
amados… porque apenas e só, o Amor… é...”
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