“… estendo
as mãos ao passado na ânsia de o alcançar… revejo-me nele como
se fosse hoje… mas depressa caio em mim e sei que estou a sonhar…
nada mais que um breve sorriso e um beijo nuns lábios sedosos, como
mel que ainda escorre na minha pele… um doce desejo de voltar a
sentir esse doce desejo de abraçar-te num voltear de dança parada
na imagem do momento ali focada… num sentir que nada se sente para
além do amor que existe mesmo e não nos mente… lateja nas nossas
faces de rosadas que se tornam da loucura que nos invade e das mãos
que se movem na procura… cabeças que se tocam e se enlaçam em
cabelos revoltos misturados com os dedos que os afagam… e os braços
remetidos à sua função de prender ali, naquele momento, a
eternidade do abraço… e os olhos se olham, se miram e sorriem
enquanto os lábios se molham no mel de um beijo prolongado, húmido,
molhado, doce doçura de tanta candura e desejo… e a boca de vez em
quando entreaberta para pronunciar a palavra certa, a palavra
aguardada, descoberta, límpida de tudo e do nada pela simplicidade
da verdade que existe quando se pronuncia o quanto se ama, o quanto
nos preenche e nos invade a Alma…”
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