“…gosto
de desenhar no meu corpo a pura entrega de quem ama… gosto de
desenhar na minha alma a luz dessa verdade… escrever com os meus
olhos a leitura da saudade… garatujar nos sons as palavras
sussurradas… saborear na boca, nos lábios a doçura do mel do teu
beijo desenhado desejo de quem procura o abraço esperado… gosto de
desenhar nos teus ouvidos as letras que formam os sentidos…
desenhar, por fim, já por sobre o esboço da obra final de quem
no auge do encontro sente-se sonho sabendo ser real… pairar na tela
do teu corpo e desenhar as cores do amor que num todo se move
completo no ser que temos por modelo… e sendo-o, tê-lo, possuí-lo
e transformar a obra num plano final que dá ao desenho o toque
especial como que uma assinatura sobre a obra acabada… depois,
ficar a mirar tudo o que havia sido feito para ter ali, na minha
frente, a concretização do sonho e saber que todas as palavras
ditas ou as desenhadas ou as escritas houveram sido assimiladas,
saboreadas e entendidas como brotadas de dentro do meu ser… gosto
de desenhar sim, no teu corpo, o meu eu e no fim ao olhar a tela
preenchida em ti soubesse ali ter tudo o que havias querido da
presença do meu amor…”
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