“… quisera
escrever palavras que ainda não tivessem sido ditas ou escritas
porque ainda não inventadas e dedicar-tas só para ti… dizer-te
palavras diferentes de todas as que já foram ditas, escritas,
reditas e reescritas… poder sentir que aquelas palavras eram só
para ti e que mais ninguém as houvera lido ainda nem sequer sido
sonhadas porque não inventadas nem rotuladas com significados
óbvios… poder sentir que o destino delas era único e que mais
ninguém se pudesse apropriar delas porque seriam apenas tuas…
poder sentir que nada do que pudesse até então ter sido dito havia
sido repetido… seriam palavras para escrever um livro onde nele
descrevesse tudo o que estivesse na minha Alma e nunca houvera dela
saído para o exterior… seriam sim claro, palavras de amor… mas
essas existem em todo o lado, estão espalhadas pelo espaço de todos
os pontos cardeais, em todos os cantos, dirigidas em todos os
sentidos, conduzindo o Amor para a sua simplicidade ainda que
indolor… seriam sim claro, palavras de ternura, de carinho, de
afago, de candura, de puro desejo de as sorver num só trago e mais
não existissem excepto no teu coração pois para ele elas haviam
sido dirigidas… queria sim escrevê-las num só fôlego, num só
dizer, num só escrever, numa só direcção e saber que as havias
recebido, sentido e digerido dentro do teu ser… palavras escritas
para mais ninguém as ler… só tu as receberias e as sentirias
porque saberias que te pertenciam… queria, pois, inventar novas
palavras que exprimissem o que já sabes sem eu as escrever porque
tas digo ao ouvido, porque tas entrego no corpo, porque elas se
entranham em ti vindas de mim, num crescendo de Amor sem palavras
ditas ou escritas de cor, apenas sentidas pelo teu existir… dessa
forma, não necessito de as inventar porque elas já existem dentro
de ti quando as entendes no momento em que não as pronunciando, a ti
somente as entrego… fico assim sem necessidade de as escrever
porque elas mais não são do que o sentir em mim a força do amor
que vem de ti…”
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