...a
carta que escrevo aqui e agora é o que "eu" sinto e penso
da vida e não "serve" para todos... não há respostas
definitivas e únicas para todos nós... vivemos num mundo de
desafectos em vez de vivermos num de afectos... vivemos num mundo
onde o sentirmo-nos bem com a nossa própria identidade é já tão
dificil que usamos estas identidades "falsas" para podermos
falar e ouvir... já nos falta a "coragem" de enfrentarmos
os outros, de olharmos os olhos uns dos outros e dizermos a quem
estiver na nossa frente o que sentimos, o que pensamos, o que
queremos, o que temos, o que podemos ser e, principalmente, o que
podemos dar... a vida já vai longa para mim e já vivi muito e quase
tudo o que um homem pode viver... passei de tudo um pouco e os anos
foram-me tornando "duro" e um pouco "sóbrio"
perante as bebedeiras da vida... a vida não é fácil e tudo o que a
vida nos dá é pouco porque queremos sempre mais e melhor...
passamos a vida a lutar por um lugar ao sol e esquecemos o quanto bom
é refrescar-mo-nos numa sombra... passamos o tempo a "querer",
passamos o tempo a "desejar", passamos o tempo a "ter",
a "possuir", a "querer ter ainda mais"...
esquece-mo-nos de dar!... e, um dia, ficamos de mãos vazias e
ficamos sem nada e lamentamos termos ficado sem tudo o que havíamos
tido... que desgraça enorme... perdi tudo, inclusive o amor!... tudo
o que tínhamos se foi... e passamos a ser uns eternos infelizes!...
errado!... nunca tivemos nada!... porque não somos donos de nada!...
nada temos!... nada possuímos!... nada é nosso!... só dando é
possível ser feliz!... desejar tudo de bom para o outro!...
dar-mo-nos aos outros de todas as formas, de todas as maneiras... não
pretender sermos amados... amar somente... a felicidade está em
amar, tão somente em amar e sentir que amar é estar feliz consigo
mesmo... amar sem posse nem destino... amar incondicionalmente... não
chorar sobretudo porque é preferível sorrir e mesmo que por dentro
a alma se parta aos bocadinhos que nos reste um sorriso nos lábios
para dar aos outros... foi isso que aprendi ao fim de muitos anos...
não fui, não sou nem quero ser dono do que quer que seja... quero
olhar e desejar que todos estejam melhor do que eu... escolho o
melhor para o meu semelhante... ao fazer isto faço-o com alegria,
com gosto e sou feliz!... é esta a resposta: não há caminhos para
a felicidade... esta, a felicidade em si mesma, é o verdadeiro
caminho... não interessa que estradas havemos de percorrer, o que
interessa é caminhar com a certeza de que "escolher" o
melhor para o outro é a base do meu bem estar... sentir que com essa
"escolha" eu estou a caminhar e não à procura do
caminho... estas palavras não "servem" para todos, eu
sei... mas não sei outras... tudo o que possais ler nos meus
escritos é uma mistura de credulidade e de incredulidade... é uma
mistura de fé e de raiva... é uma mistura de sim e de não... pela
simples razão que precisamos dessa "balança" para o nosso
equilíbrio... mas, o cerne da questão está lá, nas entrelinhas e
estas são as que acabo de escrever... não sei se era "isto"
que querias ouvir, se era esta a "mão" que
precisavas...acredita que é a única que tenho e dei-te o que tinha:
tempo, palavras e um desejo firme de felicidade para ti, meu
irmão!...
é o que for...
ResponderEliminarfelicidade para ti também
meu irmão...