“… Existe
uma enorme dificuldade em se pronunciar a palavra “Amo-te”… na
verdade, a qualquer um de nós, dizer à pessoa de quem gostamos que
a amamos é um verdadeiro desafio… e, muitas vezes, engole-se em
seco e não conseguimos dizer e ficamos com uma vontade enorme de
bater em nós mesmos por não sermos capazes de fazer uma coisa tão
simples como dizer uma palavra tão serena… no entanto, é o nosso
subconsciente que tem “medo” de a pronunciar porque ela encerra
uma enorme carga de
sentimentos e de responsabilidade… há, no entanto, quem a use de
tal forma simples que a torna tão usual e normal pela leviandade com
que a pronuncia… quando se diz a alguém: “Amo-te”, não
estamos a dizer: “Gosto de ti”… existe uma enorme diferença,
eu diria mesmo um abismo entre as duas formas… gostar é demasiado
fácil e muito egoísta, porque quem gosta de algo é porque esse
algo a satisfaz… amar não é tirar satisfação do outro, amar é
entrega, é dádiva, é querer que o outro tire de nós… quando
souberes que és capaz de dar a vida por alguém, por exemplo, podes
dizer com propriedade que amas esse alguém por quem estás disposto
a dar a vida se preciso for… quando estiveres convicto que amar é
dares-te e não obteres, então podes dizer ao outro: “Amo-te”…
não pronuncies nunca a palavra que te compromete, que te “obriga”
a um compromisso para com o outro, mesmo que seja por pouco tempo…
amar é tão-somente e apenas uma entrega absoluta e total de alguém
a outro alguém… se não estiveres certo de que estás pronto para
essa entrega então mais vale não dizeres que amas porque, na
verdade, não amas, apenas gostas… é, portanto, preferível abafar
a palavra do que a dizer levianamente… daí que, ouvir alguém
dizer-nos: “Amo-te” é ficar com a certeza de que somos “donos”
de quem o afirma… é ficar com a certeza de que, na verdade,
podemos “tirar” tudo dessa pessoa porque ficamos a saber que ela
se nos dá inteira, de corpo, alma e coração… mais vale não
dizer que amas alguém se para ti essa forma de amar não for
sinónimo de dádiva… e não tenhas vergonha de não seres capaz de
amar porque amar é um estado de alma e não um estado físico…
para amares, precisas de te amar a ti primeiro… quando conseguires
amar-te a ti mesmo, então saberás que estás apto a amar o outro…”
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